outdoor corpo machine (2008)

Outdoor Corpo Machine é uma performance-solo que tem como ponto de partida as imagens midiáticas do corpo masculino encontradas em outdooors, filmes de ação, revistas de fisiculturismo e nu masculinos, ou seja: imagens que “vendem” ideais de juventude, força, beleza e poder econômico. Através destas imagens, André Masseno apresenta um trabalho de cunho autoficcional, onde o seu corpo visita tal imaginário constitutivo de um corpo-vitrine-máquina que é estranho, porém não desconhecido da sua experiência enquanto indivíduo e artista queer. No entanto, Outdoor Corpo Machine não pretende responder as questões levantadas, mas sim criar um ambiente cênico instável no qual o público possa construir a sua própria dramaturgia a partir da experiência física do artista diante da imagem deste corpo-vitrine-máquina pela qual também ele se encontra seduzido, levando-o a afirmar, rasurar e retificar informações sobre si mesmo e o entorno com o qual ele dialoga.
concepção, direção e performance: André Masseno
trilha sonora: Adriano Canzian, Dick Farney, Peaches, Peter Allen
fotos divulgação: Darko Vaupotic, Nilmar Lage.

I'm not here ou A morte do cisne (2004)

Dança-comentário elaborada a partir do diálogo com a obra coreográfica A Morte do Cisne, criada em 1907 por Michel Fokine especialmente para a bailarina Anna Pavlova. Dentro de um território de atuação onde os limites entre a dança, o teatro e a performance se tornam tênues, I'm not here ou A morte do cisne aborda um corpo atravessado por memória e historicidade - atravessamento este propulsor de determinados questionamentos acerca da identidade, representação, gênero, originalidade e a tensão entre a expressão e a técnica.
concepção, direção e performance: André Masseno
assistência de direção (segunda fase): Denis Rosenail
trilha sonora: Autechre, Handel, Mamos
fotos divulgação: Dalton Valério, Mariana David

Baleia (2004)

aaaaaa
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Explicit Lyrics (2003)

O título deste espetáculo funciona como metáfora para uma pesquisa de um corpo cênico e coreográfico a partir de meios multidisciplinares (dança, teatro, literatura, moda e performance), tendo como estímulo o laudo médico-legal do crime do camponês Pierre Rivière que, em 1835, degolou sua mãe e irmãos em La Faucterie, uma pequena aldeia do sul da França. A partir da descrição em off do corpo das três vítimas - a posição em que foram encontradas, a disposição espacial entre os corpos e os pontos nestes perfurados pela foice - o artista elabora um discurso físico dianamicamente violento, enfocando as possibilidades de deslocamentos a partir da soma: impacto corpo no solo + corpo inerte + corpo em movimento. Esta soma acaba por criar um corpo-lacuna onde interseccionam outras "anatomias" subliminares, isto é, o corpo cristão sacrificado, o "corpo" artaudiano, o corpo fashion-victim e o corpo dócil foucaultiano. Entrementes, Explicit Lyrics também problematiza a questão ética da arte a respeito do material da realidade selecionado como estímulo criador ou foco de investigação. O crime, portanto, não se torna arte - mas, sim, a arte se tornando um crime.
concepção, interpretação e coreografia: André Masseno
texto: laudo médico de Theodore Morin e Thomas-Adrine Cordière (1835), in: Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão (dossiê organizado por Michel Foucault - 1977)
trilha sonora: Alex Gopher, David Bowie & Brian Eno, Tortoise
fotos divulgação: Carú Ribeiro

ana/grama (1999-2001)

Espetáculo solo onde teatro, dança e literatura se inter-relacionam através do conceito de anagrama - recombinação das letras de uma palavra, desdobrando-a em outras. A própria palavra anagrama submete-se à sua lei, gerando ana, magra, grama e ama - quatro imagens distintas porém próximas pelo seu teor perverso e, ao mesmo tempo, infantil. Imagens que impulsionam o corpo para a criação de um discurso gestual repetidamente organizado, recortado, proliferando outrso discursos corporais, outros exteriores. Manifesta-se um ciclo anagramático de origem-transformação-proliferação que promove outras sequências de ordenação das células de uma frase coreográfica, das orações de um texto e dos elementos cênicos no tempo e espaço (áudio, luz, figurino e intérprete).
concepção e direção: André Masseno
coreografia e interpretação: André Masseno
texto: Michel Foucault (extratos de "A ordem do discurso")
trilha sonora: Phillipe Zdar, Etienne de Crecy, Konishi Yasuharu, Cleide e Suba
desenho de luz: Renato Machado
fotos divulgação: Adriana Oliveira